Limiar do Caminho

Olho à frente e vejo,
Infinidade de futuros,
Futuros não existentes,
Futuros quase pendentes.

Futuros vindos de sonhos,
Sonhos vindos de desejos,
Desejos vindos do amor,
Do amor ao dom da vida.

Pode algum homem viver sem amar?
Pode alguém amar sem desejar o objeto desse amor?
Pode alguém desejar sem sonhar?
Pode um sonho não ter futuro?

Respostas prontas não podem saciar,
A ânsia de vida que temos dentro de nós.
Ânsia que nasce daquilo que somos feitos.
Da substância que nos faz imagem.

É possível achar algo mais distorcido
Do que uma imagem negar o que reflete?
É como árvore que enxerta em si outros frutos,
E ao prová-los, percebe que não são bons.

Quanto tempo esperaremos até que percebamos?

Talvez alguns possam,
olhar e ver suas vidas já escritas,
como roteiro de novelas,
vidas novelas, vidas dramas.

É mais fácil acomodar-se,
E viver cada dia como escrito,
sem responsabilidade,
Sem erros próprios, porém isso não me satisfaz.

Olho o mundo de frente
Tomo para mim a responsabilidade de ser eu
Carrego em mim a dor e a alegria de me bastar
Lanço para longe toda a necessidade de me achar o melhor.

Talvez, no fundo, essa seja nossa intenção.
Somos paranóicos obsessivos,
Acuados a sermos os melhores,
Acusados como o pior da raça.